quinta-feira, setembro 13, 2012

Londres (de Alberto de Lacerda)

[re - arrumada, trazida de «Peribiblio»]

JL, n.º 1067, 24-08-2011 a 06-09-2011, página 32 (final)

Alberto de Lacerda (1928-2007)
[...]
3 de julho de 1985 - Yévre-le-Chatel
Arpad, criança, ouve na escola que determinado ilustre poeta húngaro tinha morrido pela pátria. Arpad pergunta à mãe: «Não se pode viver pela pátria?».

31 de Maio de 1986 - Lisboa
Feira do Livro. Encontro Herberto Helder no Mourisca da Fontes Pereira de Melo. (...) Fomos jantar à Cervejaria Trindade, de que eu gosto muito. Fizemos o nosso gossip, mas também se falou muito de poesia. Ele tem grande entusiasmo por muitos poetas. Recitámos à desgarrada Sá-Carneiro, Pessanha e outros.

3 de julho de 1986 - Londres
Ontem, vi Paula (Rego) pintar pela primeira vez: hesitações, gestos deliberados, por vezes quase agressivos, gestos hesitantes, pausas breves, às vezes, entre uma pincelada e outra. Pinta ajoelhada no chão. Quatro novas telas de uma maturidade absoluta.
A Ericeira aparece numa delas.

3 de julho de 1986 - Londres
A minha paixão física por Londres; de uma intensidade inusitada. São onze e meia da noite, e de repente, dá-me um desejo de ir por essas ruas fora, de percorrer certos recantos queridos, o Embankment em Chelsea, e entre Westminster e a Ponte de Waterloo, ruazinhas à volta de Victoria, e todas as sinuosidades de Chelsea, que as conheço de cor. Que estranho, tudo isto. E sinto-me feliz por amar Londres tão perdidamente.
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