segunda-feira, dezembro 18, 2017

Outrora Agora (Pessoa)

Casa da Calçada, 3.º andar, quintal. Fundo do corredor. Silencioso, imóvel, atento à revelação do mundo, junto à casinha do tanque. Cheiro acre do sabão azul e branco. Ruidoso, o da chuva violenta na terra vermelha do quintal. Só dele. 
Menino só, em casa com muitas mulheres – o amor antes das palavras, único. Assobiava o vento para lá dos muros. Refugiado, seguro, o menino hoje dispensa o colorido da rua de S. Paulo, hoje. «Outrora agora». Feliz.

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